Há um ditado português, muito conhecido -e verdadeiro-, que diz que “de
médico, poeta e louco, todos nós temos um pouco”. No caso do Dutra,
desconsidera-se o médico e o poeta. Para compensar, triplica-se o louco.
Vive reclamando de sua ansiedade crônica, mas quando percebe que o
‘estoque’ de remédios tranquilizantes (para não escrever medicamentos benzodiazepínicos)
está ‘acima do normal’, diz a si mesmo que algo está ‘anormal’. Então começa a
analisar ‘o atual momento’, como costuma dizer. E, inevitavelmente, a conclusão
sempre é a mesma: “Tenho que me envolver em alguma confusão, desentender-me com
alguém, enfim, do jeito que está não dá”, recomenda a si próprio.
Pensa um pouco e a ‘solução’ parece surgir num passe de mágica. E não dá
outra: em poucos dias está envolvido em alguma polêmica.
Recordando o grande amigo de Carazinho,
reflito alguns momentos e concluo que ele não é o único que age desta forma. Há
pessoas que, inacreditavelmente, não conseguem viver sem estarem envolvidas em
conflitos. Geralmente são inquietas, detestam a rotina e, mesmo que sofram,
procuram o incômodo que, na maioria das vezes, resulta em inimizades gratuitas
ou amizades desfeitas. Não se preocupam e, muito menos, temem as consequências.
Minha graduação é em Jornalismo e recém comecei a caminhar na estrada do
Direito. Penso, porém, que, necessariamente, não precisa ser psicólogo,
psicanalista ou psiquiatra para perceber que as pessoas que se comportam desta
forma não são masoquistas, mas, sim, perturbadoras.
Não sossegam. São escravos da própria personalidade, pois preferem dar
socos em ponta de faca a traí-la. Não se importam em perder e se perturbar,
além de passar por momentos delicados. O que valorizam é a fidelidade
incondicional as suas características. E ponto final.