24 de fevereiro de 2013

DUTRA, DEPRÊ, PÓS-CARNAVAL (EM RITMO DE PROSA)

          Um dia, possivelmente após deixar de ser um vivente, pretendo descobrir por que sempre fui doente. Confesso: tomo remédios em excesso. Só assim para amenizar a ansiedade, para alguns sem relevância, mas digo, com toda sustância, que se a dor fosse medida superaria milhares de estância. É dilacerante, maior que todo o Rio Grande. E, quando acompanhada da tristeza, é cortante e aflora a afoiteza. O sujeito pensa até em se atirar numa correnteza.
         Já me convenci e por isso desisti de procurar a cura para este mal que temo me levar à loucura. Difícil é definir a sensação, pois volte-e-meia é grande a confusão que faz com que meu coração fique mais gelado que os dias de inverno lá do rincão. E nestas horas, então, faço uma oração e lembro o patrão lá de cima que, por alguma razão, fez de minha vida uma eterna aflição. E sei que Ele sabe o que faz e, mesmo sendo incapaz de viver em paz, vou seguindo minha lida na certeza de que na próxima vida terei uma melhor acolhida.  

PREVISÍVEL

                  A linda, gentil e uma  das mais belas da região, Fernanda Schaeffer, 21, foi eleita Miss São Miguel 2013.  O evento aconteceu ontem no Cine Peperi. Ela também já foi rainha da Expo São Miguel.
              *Foto e repasse de informações: jornalista Ederson Abi (Rede Peperi).

VIVA A INTELECTUALIDADE I

       Detesto foguetes, mas me renderei aos estouros. É que estou feliz, felicíssimo. Afinal, teremos um grande show em São Miguel: Luan Santana com suas músicas e, principalmente, letras que fazem Chico Buarque passar vergonha.
          A cultura em sua forma magistral. Viva! Vamos comemorar e fazer contagem regressiva para uma das tantas porcarias da indústria cultural que teremos o ‘privilégio’ de ‘apreciar’.

VIVA A INTELECTUALIDADE II

          O show acontece dia 16 de março. Se estiver na cidade vou me entorpecer de benzodiazepínicos. Mesmo morando a quilômetros de distância do local onde será realizado o ‘espetáculo', no pavilhão do Parque de Exposições Rineu Gransotto, pretendo ir dormir às 19h de sábado e acordar somente na segunda-feira.
       Em tempo: Fico imaginando àquelas ‘periquetes’ que farão até financiamento para pagar o ingresso e comprar uma ‘beca’, além de se produzirem em salões de beleza para ouvir músicas (?) do tipo ‘ai ai se eu te pego’; ‘chupa que é de uva, chupa, chupa’, entre outras. O apogeu do intelectualismo.

          

VIVA A INTELECTUALIDADE III

         O que me consola é que uma semana antes, um grupo de motociclistas, promoverá, gratuitamente, no Motocão 2013, o show com o ex-vocalista do Ira!, o Nasi. Que desproporcionalidade: o besteirol é cobrado e a qualidade é de graça. Bem próprio das 'republiquetas' do Terceiro Mundo.
       E não pensem que é só o povão que curte o tal de Luan Santana. Aposto que muita gente da ‘high society’ não conseguirá ‘prender os instintos’ e, maciçamente, vibrará com o cantor da ridícula ‘O Sogrão Caprichou’. Como, aliás, aconteceu na apresentação do Amado Batista.  Cada povo tem o show que merece.

VIVA A INTELECTUALIDADE IV

         Não tenho nada contra o Luan Santana que, diga-se, levarei mais de mil reencarnações para conseguir ter 10% de seu patrimônio. Também não estou criticando os promotores do evento (eles estão certos, pois é este estilo que atrai um grande público e, consequentemente, lucro). Penso que todos são adultos e esclarecidos o suficiente para diferenciar uma coisa da outra.
     Minha crítica é contra a grande mídia e, sobretudo, a indústria ‘curtural’. É claro que tem que existir cantores como Luan Santana. Mas o que se nota é que só há músicos do estilo dele. Por que não incentivar outros costumes e novas ideias?
      Será que a massa de manobra nunca conseguirá deixar de ser marionete dos grandes e poucos burgueses que, além de rirem de seus fantoches, lucram cada vez mais e retribuem cada vez menos?