12 de julho de 2019

BAZAR BARATO I


Comprou uma camisa falsificada de uma grife famosa. Não reparou tratar-se de réplica. Nem que o pequeno jacaré é sinônimo de status. Adquiriu pela cor: vermelho. Leu, numa revista velha, que as mulheres “gostam do rubro”. 

Aproveitou para adquirir um lenço. Não para utilizá-lo em dias que o resfriado o visitar. Seu uso é para secar o suor. Principalmente do cansaço quando sobe o morro para “aliviar a tensão” e “rir sem motivo”.

Saiu do nada. Não tem nada. Seguidamente, num rio sujo, nada. E morre. Lentamente. Sem querer. Sem perceber. Sem saber.

Oscila no apreço à menina aflita pelo seu amor que ele não conhece. Não sente. Desconhece o que é amar. Nunca viu nem de longe o mar.

O dinheiro é escasso. Prefere andar descalço. Já se habituou. Algumas vezes, a cela, escura e úmida, habitou. Até gostou. Lá se alimentou. 

BAZAR BARATO II


Acredita que do pó viemos. E que retornaremos ao pó. Por isso gosta do “pó”. Quando consegue quer ficar só. Para aproveitar tudo sem dó. Sente-se magistral. Esquece-se do marginal. 

A decepção é a depressão. Nada entende ou leu sobre "efeitos colaterais". Prefere admirar pardais. 

Também bebe cachaça. Rechaça o gole de graça. Furta pra pagar. Imposto? Exportação? Importação? Economia? Nada tem a declarar. Nem quer estudar.

Não anda ligeiro. Vasculha o lixeiro. Quando pode tenta à sorte para ganhar dinheiro.  Chama o bicheiro. Usa o coletivo banheiro. 

Sem dignidade. Sem vontade. Sem hombridade. Quem sabe seja o retrato de uma parcela da humanidade.  

O SOM

As 'sereias' atraem um marinheiro para morrer encantando-os pelo 'som'. Parte da letra de 'Black Angel' - The Cult. 

HÁ DEZ ANOS


Pessoas que transitam pela Rua do Lazer, na praça, à noite e madrugada, reclamam que, geralmente, as luminárias não estão acessas.

E mais: nem todas as luzes precisariam ser ligadas. Duas – uma em canta ponta – seriam suficientes, desde que sempre estejam ligadas das 19h às 07h do dia seguinte.

*Coluna Roger Brunetto, 12 de julho de 2009.