Em uma das fazendas do Delégio, o Colono
Forte de Ernestina, tem um cavalo, da raça Quarto de Milha (ótimos em corridas
de pequena distância), chamado Sangue Doce. Em 2011 ficou gravemente doente. Os
veterinários tentaram de tudo, mas não descobriram qual a doença. O animal
sofria e a recomendação foi sacrificá-lo.
Sabendo da morte iminente do Sangue
Doce, Delégio começou a fazer alguns ‘experimentos’. Até hoje mistura junto aos
remédios, à água e à comida do cavalo algumas ‘substâncias’ (ninguém sabe
quais). O equídeo não morreu, porém não
corre: apenas anda e parece ‘meio abobado’.
Na maioria das vezes é manso (daí o nome
que, a princípio, era Cáustico Temerário). Mas, não raras vezes, é xucro. O
mais integrante são suas ‘inesperadas reações’. Certa vez quis subir em uma
nogueira. Não faz tempo adentrou na casa da fazenda e, para espanto de todos,
não tirava os olhos da televisão e balançava a cauda de um lado para outro.
Entre outras façanhas, uma que chamou a
atenção foi quando Delégio levou uma de suas ‘ficantes’ para conhecê-lo. Ao vê-la,
Sangue Doce começou a relinchar e não parou mais. E quanto mais ‘substância’,
mais relincho. Quando o ‘casal de ficantes’ foi embora o cavalo silenciou. Cabisbaixo, ficou paralisado. Parecia triste.
Ao retornar, Delégio ofereceu mais 'substância'. O Sangue Doce farejou e rejeitou
(numa espécie de repúdio ao seu dono). Teria ele se ‘apaixonado’ pela moça?
E assim segue o Sangue Doce com suas
inesperadas reações. O incrível é que fica junto aos outros equídeos que o
respeitam. Todos parecem temê-lo. Se a fazenda de cavalos fosse uma cidade,
certamente ele seria um destes que ‘mandam naqueles que mandam’. O problema,
porém, é que quando está manso é ‘mandado’.
Quando o Sangue Doce me vem à memória
analiso suas atitudes e lembro que elas se assemelham as de alguém, de São Miguel, que, infelizmente, por mais
que me esforce, não consigo lembrar.