28 de janeiro de 2013

TRAGÉDIA NA KISS I

         Não há como dimensionar a dor da alma dos familiares de Isabela Fiorini, Thaís Zimmerman Darif e Bruna Occai, três das vítimas fatais do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria. Seria como tentar definir o infinito.
           E a dor se torna ainda mais dilacerante quando vem acompanhada de horas angustiantes que culminam com a confirmação incrédula, inacreditável, do ‘pesadelo real’. E quando o noticiário lembra a forma como morreram a dor supera seu auge e descobre-se, então, que o apogeu não é o limite máximo em se tratando de dores da alma.

TRAGÉDIA NA KISS II

         O que dizer? Como entender? De que forma aceitar? Onde buscar conforto? Muitas perguntas. Várias suposições, mas nenhuma resposta exata ou, no mínimo, satisfatória. Afinal, não existe explicação para o inexplicável.  
          Sonhos de jovens interrompidos numa festa que, na verdade, para a grande maioria que lá estava, era para comemorar justamente estes sonhos e, de forma entusiasmada, visualizá-los como seriam concretizados, nos mais diversos tipos imagináveis. Porém, tudo foi abruptamente interrompido. De maneira degradante. Incompreensível. Revoltante. Lembramo-nos, no entanto, que Deus -em sua infinita sabedoria- sabe o que faz. 

TRAGÉDIA NA KISS III

         Buscar culpados? Se formos ao fundo devem ser presos do governador do Estado até os proprietários da boate, passando pelos responsáveis pelas vistorias que, amparados por leis ambíguas, concedem prazos elásticos para casas de shows, bares e boates se adequarem ao que é determinado para que seus frequentadores tenham segurança.
          Ora, só deve ser liberada a autorização de funcionamento a uma casa noturna ou qualquer outra empresa quando tudo estiver em conformidade com o que é estabelecido pelas normas de segurança. E mais: com vistorias constantes. Mas é sempre assim. Primeiro a tragédia tem que acontecer. A ação sempre ocorre depois.  
          E o pior são as falas de algumas ‘otoridades’ que, certamente, ocupam determinados cargos muito mais por ‘apadrinhamento político’ do que competência. E isso não é só em Santa Maria e no Rio Grande do Sul. É em todo do Brasil. Reitero: nesta questão o poder público também tem sua parcela de culpa. Talvez a maior de todas.
       Mas isso é irrelevante, pois não trará as vidas dos jovens de volta e nem impedirá as sequelas físicas e emocionais de outros tantos.
 

TRAGÉDIA NA KISS IV

         Até tento, mas não consigo aceitar que, enquanto jovens inocentes e outras pessoas boas de coração morram, nada acontece com gente nefasta, que ludibria, rouba, logra, engana, enfim que nem deveria ter nascido. Não é justo. Não há como segurar à revolta e a indignação.
          O que me conforta é a certeza que a vida não acaba com a morte e que Deus jamais dá a cruz maior do que o peso que podemos carregar. E acrescento também: "Aquele que os deuses querem favorecer morre jovem, enquanto sua saúde for boa e seus sentidos e seu julgamento ainda estão sãos”. - Plauto.