10 de julho de 2019

SOBRE A DECLARAÇÃO DO KARNAL

"Talvez brigar e vingar ofensas reais ou pretensas seja o espaço que sobre ao fracassado. Berro para que minha voz oculte minha impotência real a minha insignificância pessoal". 

As palavras acima são do homem mais inteligente, sensato, coerente, viajado - LEIA DE NOVO PARA NÃO CONFUNDIR -, e erudito careca do país. 

Sim, ele mesmo: Leandro Karnal. 

Esbanjando sua habitual mordacidade de manicure ressentida - via de regra direcionada apenas para quem está à direita - , o Deus das 'obviedades enviesadas' alertou para o baixo nível  das discussões  virtuais, reduzidas, segundo ele, ao desejo infantil e doentio de mitar. 

Eu entendo o Karnal. E você, antes de criticá-lo ferozmente, também precisa tentar compreendê-lo.  

Ele é de um tempo em que era necessário prestar concurso público para ser professor da USP e da  UNICAMP, ser aprovado, tomar posse e ganhar turmas - e mais turmas - de jovens classe média-alta, para só então colocar em prática mitagens lacrações e deboches. 

Sem contar que, em seus anos acadêmicos de ouro, os únicos alvos possíveis eram aqueles que tinham sotaque conservador. 

Deve ser muito difícil para o pobre homem se adequar aos novos tempos, cada vez mais carentes de altares para Foucault e com pouquíssimas velas - de sete dias - acessas para Deleuze. 

QUE TIPO DE LEITURA?

Toda vez que pinta aquele papo de vira lata sobre países que leem mais do que o Brasil, eu penso: tá, mas lê o que? 

Autoajuda, escoteirismo, biografia de subcelebridade, teoria de conspiração, livro de mulher entediada com o casamento - tipo 50 tons de cinza -  ou LIVRO MESMO?

É que se for pra ler esses títulos  - que sempre estão nos Top 10 do New York Times - é melhor a pessoa assistir novela e BBB.