9 de março de 2013

MOTOCÃO 2013 (O JEITO É LEVAR NA BOA...)


         *Chove Chuva. Chove sem parar, pois eu vou fazer uma prece pra Deus, nosso Senhor pra chuva parar de molhar o meu divino amor. Que é muito lindo, é mais que o infinito, é puro e belo inocente como a flor. Por favor, chuva ruim não molhe mais o meu amor assim. Ou melhor: "Por favor, chuva ruim não molhe mais o MOTOCÃO assim".
         E se for o caso, para não piorar -já que para alguns o fundo do poço tem porão- e não chover ainda mais, vamos apelar a um Pai de Santo: “Sacundim, sacundém, imboró, conga, dombim, dombém, agouê, obá, sacundim, sacundém, imboró, conga, dombim, dombém, agouê, agouê, oh! oh! oh! Obá. Agouê, oh! oh! oh! Obá. Agouê, oh! oh! oh! Obá”.
      *Letra da música Chove Chuva, Jorge Bem Jor e que também foi gravada, no início de 1994, pelo Biquíni Cavadão. 

DELÉGIO, CAIPIRAS E A ‘FACULDADE DA VIDA’

    
     Acabou com a festa e, naquela noite, o rumo de vários não foi à BierSite, pois a ‘pancada’ foi forte e atingiu o ‘estímulo’ de alguns.   
O Delégio é mais um amigo de Carazinho. Ele mora no interior de Ernestina (município que fica a poucos quilômetros da cidade da avenida Flores da Cunha). É um ‘colono forte’ como costumam denominá-lo os amigos. De fato, seu pai é dono de muitas terras. Além disso, a família trabalha no ramo de transportes e compra e venda de cereais.
      
      A dicção de Delégio é péssima. Tem 35 anos de idade e ainda não concluiu o ensino fundamental. Não entendo de beleza masculina, mas as meninas do nosso grupo dizem que sua aparência não é das melhores, porém destacam que ele só usa roupas de grife, tem uma BMW, uma motocicleta potente da mesma marca, uma S10, importada, zero bala, e um apartamento mobiliado, com o bom e do melhor, num dos prédios mais luxuosos de Carazinho. Enfim: tem dinheiro. E muito. E não se preocupa em economizar quando a ‘parada’, como diz, é se divertir, principalmente em locais onde há mulheres bonitas, bem vestidas e perfumadas com fragrâncias agradáveis.
  
   E em todas as festas particulares ou baladas que vai sempre sai acompanhado. Geralmente com umas das mais belas. Apesar de ser muito generoso nos presentes não costuma ‘repetir’. “Gosto de ficar com uma, manter contatos discretos, e só sair novamente um mês depois”, gaba-se, sem se importar que é deselegante fazer comentários deste tipo.  Na verdade, ele é o ‘ingênuo esperto’. Tem plena consciência do que é, mas - o mais importante - sabe o que tem. Questionado, certa vez, em uma das festas do Dutra, se já tinha levado algum fora, respondeu: “Vários. As mulheres não são iguais. Mas um ‘fora’ não me abala. Ao contrário: estimula-me”.
      
     Rapidamente, então, perguntaram se não tinha medo de ‘tropeçar’ e uma das moças engravidar. “Tenho aparência e sotaque de idiota, mas isso não significa que sou idiota. Algumas até tentaram. Mas se deram mal. Aliás, não pensem que os caipiras são ignorantes. Talvez alguns até sejam. Mas a maioria é professor na ‘faculdade da vida’, a qual vocês, por mais que tentem, sequer conseguirão passar no vestibular”, afirmou, sorrindo ironicamente, como quem diz: continuem pensando que eu sou um bobão. Não me importo. Ficarei preocupado o dia que deixarem de me tratar como o ‘colono forte’.