5 de junho de 2010

NEM SEMPRE É O QUE PENSAMOS

Victor era um buon vivant. Tinha tudo do bom e do melhor. Sempre, nas férias de julho, viajava aos Estados Unidos para curtir as praias do Sul da Califórnia. Era milionário.
Juliana, ao contrário, tinha uma vida sofrível. Acordava às 5h para trabalhar no camelódromo. Não tinha hora para voltar. Ou melhor, só retornava para a pequena casa, que dividia com o pai doente e dois irmãos menores, quando conseguia dinheiro suficiente para a comida e os remédios. O infortúnio da jovem morena clara começou na adolescência. Quando tinha 13 anos a mãe fugiu. Um ano depois, o pai, bêbado que estava, caiu de uma escada e ficou paralítico. Mesmo na cadeira de rodas, continuou bebendo. O vício lhe trouxe uma cirrose. Quando a mãe abandonou a família contou com a ajuda de uma tia, vítima fatal de uma bala perdida dois anos mais tarde.
Mesmo a vida sendo-lhe madrasta, Juli não desanimava. Trabalhava arduamente. Continuou os estudos. E o principal: não se deixou atrair pela vida fácil. Constantemente era grosseiramente cortejada por homens ricos de dinheiro e pobres de espírito. Esquivava-se até com certa elegância. Enfrentava com maestria os obstáculos do cotidiano.
Nessas coincidências, que só Deus explica, Victor conheceu Juliana. E, como numa novela mexicana, se apaixonou pela jovem de trajes simples, porém limpos e bem passados, que vendia bijuterias por valores módicos. Ele flertou com ela. Passados alguns dias o namoro começou. Um amigo até tentou demovê-lo da idéia. Inútil. Casaram-se.
Apesar das insistências contrárias de Juliana, Victor casou com comunhão de bens. A primeira providência dela foi melhorar a vida do pai e dos irmãos. Recusou um carro importado que o marido ofereceu-lhe. Também abdicava das roupas de grife. Sempre se opôs as extravagâncias do esposo. Sofria com o preconceito da família e os olhares pouco amistosos dos amigos do marido. A bela morena garantia que o amava e não lhe interessava seus bens. Depois de seis meses de matrimônio, Juliana sofreu um nove revés: Victor morreu num acidente automobilístico.
No enterro, com os olhos marejados, a jovem viúva interpretou o calor atípico para aquele dia de inverno como um sinal para provar sua boa intenção enquanto esteve ao lado de seu grande amor. Ela, então, abriu mão da herança. Pegou apenas o suficiente para montar novamente uma barraca no camelódromo.
E quando lembro o caso da Juli concluo que é errado julgar pelo que se supõe ou tendo por base comentários alheios.

LIXO

Por mais que tento não consigo entender como pode alguém ouvir e, pasmem, até gostar de uma música funk. Talvez seja masoquismo. Esse estilo musical deveria ser banido das programações das rádios.

FALTA DE RESPEITO

Não são poucos os pedestres, principalmente acadêmicos da Unoesc, que reclamam das atitudes de motoristas. Dizem que muitos não param o veículo nas faixas. Mencionam, também, aqueles motoqueiros, legítimos exibicionistas de araque, que ultrapassam pela direita na rua Oiapoque, no acesso à universidade.
Na verdade, em São Miguel, tem gente que não poderia conduzir nem carroça. Para estes, a educação (se é que eles sabem o que é isso) manda lembranças.