“No
meu entender, só os indiferentes a tudo e a todos são felizes. Digo mais:
considero a frieza uma qualidade e não um defeito. Demorei a chegar a esta
conclusão e mais ainda a me adaptar. No entanto, consegui. Não sinto a sensação
da euforia e do prazer numa conquista, porém não sou atingido pela tristeza e
decepção quando algo ruim acontece.
A
indiferença faz com que não tenha pena, nem raiva. Os problemas dos
outros são deles e não meus. As riquezas alheias são de quem as têm e não me
pertencem. Não me comovo quando passo por uma favela, nem invejo os
proprietários de mansões.
O
que pensam sobre minha conduta não me importa. E não me interessa saber. Não enalteço os elogios. Da mesma forma não
condeno as críticas. A indiferença,
pelos menos a minha, implica em excluir a razão e a emoção. O resultado é uma
vida sem prazeres que é compensada pela inexistência de dores”.