31 de julho de 2016

PRA FECHAR O DOMINGO

https://www.youtube.com/watch?v=fPBRrl6eSw0

TUDO DE BOM

Quem festeja idade nova neste domingo é a carazinhense Aline Stefanello. Ela é fisioterapeuta e trabalha no Ministério da Justiça e Cidadania 

NÃO ESQUEÇO E NÃO LEMBRO

O ano: 2003. O dia: sábado à noite. A cidade: Chapecó. O show: Titãs. O local: Estação Brasil. Depois da apresentação, o casal - à época noivos - com o qual eu fui e retornaria no dia seguinte se deslocou ao hotel. Eu segui outro rumo. E até hoje não lembro o que realmente aconteceu naquela madrugada.

Na verdade parecida que tudo já estava planejado. Não a conhecia, mas várias vezes nos encaramos. Confesso que prestei mais atenção nela, ignorando Branco Mello e sua turma que tocavam as clássicas da banda de rock. 

Terminada a apresentação nos esbarramos propositalmente. Perguntou-me se estava de carro. Disse, então, que era de São Miguel e vim e voltaria de carona, por volta das 12h do domingo – meu carro, devido ao descuido de um jovem, que três dias antes me cortou a frente, estava no conserto. “Liga para seu amigo e diz que está tudo bem. Se for o caso amanhã eu lhe levo a São Miguel ou, no mínimo, à rodoviária”, disse, ou melhor, ordenou a loira dos olhos verdes.

Acatei a ordem. Entramos no carro dela e saímos. Ela ligou o som e a primeira pergunta que fiz foi se ela sabia o nome da música que estava tocando. "Seven Nation Army - The White Stripes", respondeu, adiantando que só ouviríamos aquela canção. “Isso é som de verdade”, acrescentou, diga-se de passagem com toda razão.

“Para onde vamos?”, indaguei. “Está com medo?”, retrucou. Disse que não, mas era meu direito saber. “Não se preocupe”, limitou-se a dizer. Aumentou o volume e me ofereceu um cigarro. “Não fumo”, respondi (confesso, porém, que naquele tempo bebia demasiadamente - hábito que abandonei definitivamente em julho de 2004).

Depois de aproximadamente dez minutos seguimos por uma estrada de chão. Nada falei. Nem ela. Passados aproximadamente 15 minutos chegamos a uma casa. “É a chácara dos meus pais”, informou. A lua cheia colaborou para perceber que a residência era grande e bonita com um belo jardim e uma piscina aos fundos.

Entramos e fomos a um dos quartos. Ligou o condicionador de ar e foi ao banheiro. Quando saiu fiz o mesmo. Ao retornar ela cheirava um pó branco que presumi ser cocaína. Sorrindo, olhou para mim e sussurrou: “fique à vontade”. Apenas articulei com a cabeça negativamente.

Sem pedir autorização fiquei descalço e deitei na cama. Olhamo-nos. Ela desligou a luz e acionou o abajur. Sem nenhum constrangimento, começou a despir-se. Seminua, deitou-me ao meu lado. Começamos a conversar. Reparei que seus olhos estavam marejados.

O choro veio em seguida. Só me restou questionar o motivo. Nada respondia. Abraçou-me e relatou-me acontecimentos que, juro, até hoje não sei se ela falou ou eu sonhei. E até hoje não consigo recordar se aconteceu ou não algo a mais.

Por volta das 11h acordamos. Tomei um banho rápido e pedi que me levasse ao local onde havia combinado que almoçaria com meu amigo e sua companheira. Fui prontamente atendido. Durante o trajeto nenhuma palavra. Apenas a música Seven Nation Army.

Parou em frente ao restaurante e, quando ameacei falar alguma coisa, ela apenas disse - em um tom ríspido - tchau. Nunca mais a vi. Nem sei o nome dela. Nem ela o meu.