Um
dia, possivelmente após deixar de ser um vivente, pretendo descobrir por que sempre
fui doente. Confesso: tomo remédios em excesso. Só assim para amenizar a ansiedade,
para alguns sem relevância, mas digo, com toda sustância, que se a dor fosse
medida superaria milhares de estância. É dilacerante, maior que todo o Rio
Grande. E, quando acompanhada da tristeza, é cortante e aflora a afoiteza. O
sujeito pensa até em se atirar numa correnteza.
Já
me convenci e por isso desisti de procurar a cura para este mal que temo me
levar à loucura. Difícil é definir a sensação, pois volte-e-meia é grande a
confusão que faz com que meu coração fique mais gelado que os dias de inverno
lá do rincão. E nestas horas, então, faço uma oração e lembro o patrão lá de
cima que, por alguma razão, fez de minha vida uma eterna aflição. E sei que Ele
sabe o que faz e, mesmo sendo incapaz de viver em paz, vou seguindo minha lida
na certeza de que na próxima vida terei uma melhor acolhida.