Num
lugar onde a vontade de alguns em aparecer e de mostrar o que têm é tão
voraz ao ponto de envergonhar o ridículo, a música do Evaldo Braga soa bem. É
animada. Diverte. Talvez, mesmo sem querer, o outrora grande músico deixou
mensagens irônicas nas ‘entrelinhas’ da letra. Às vezes chego a questionar se
não seria um enigma que não consegui desmistificá-lo.
Devo confessar,
porém, que detesto escutá-la quando percebo gente batalhadora que tem uma vida
confortável graças ao trabalho honesto. Pessoas educadas que desmancham o algoz com gentileza
e não com ofensas. Inteligentes que aprenderam que a sutileza do
constrangimento desarma muito mais que estilos grosseiros ou prepotentes.
Poderia
citar outros exemplos, mas sou limitado e imperceptível e, na minha mais absoluta
e reconhecida insignificância, lembro-me de Paul Valéry: "Elegância é a arte de
não se fazer notar, aliada ao cuidado sutil de se deixar distinguir". Gosto de
comparar a frase do poeta francês com a letra da música do Evaldo Braga quando meus
pensamentos são invadidos por ações protagonizadas por migueloestinos e migués.