18 de outubro de 2018

O PRESENTE INEXISTENTE


Nunca nos detemos no momento presente. Antecipamos o futuro que nos tarda, como para lhe apressar o curso; ou evocamos o passado que nos foge, como para o deter.

Tão imprudentes, que andamos errando nos tempos que não são nossos, e não pensamos no único que nos pertence; e tão vãos, que pensamos naqueles que não são nada, e deixamos escapar sem reflexão o único que subsiste.

É que o presente, em geral, fere-nos. Escondemo-lo à nossa vista porque nos aflige. E se nos é agradável, lamentamos vê-lo fugir. Tentamos segurá-lo pelo futuro. Pensamos em dispor as coisas que não estão na nossa mão, para um tempo a que não temos garantia alguma de chegar.