E janeiro acabou. E sempre, neste mês,
lembro de um dos meus maiores sonhos que, infelizmente, a cada ano se
distancia: escrever um livro sobre o assassinato do advogado Paul Michel. Até
já tentei, mas não logrei êxito. A principal testemunha morreu e ninguém quer
falar sobre o caso, mesmo que já tenha prescrito. A própria família evita comentar
sobre o assunto.
O crime ocorreu em janeiro de 1982, no
final de uma tarde, no Clube Atlético Montese, em São Miguel, e até hoje não
foi esclarecido. À época tinha nove anos.
É certo que foi encomendado. A questão
é: quem foi (foram) o (os) mandante (mandantes)? Hoje ninguém mais fala do episódio,
mas, por, pelo menos, cinco anos - após o ocorrido -, várias foram as
especulações.
Em meados de 1987 comecei a trabalhar na
Rádio Peperi AM e Top 104 FM, como sonoplasta. Mesmo sendo um ‘piá’, recordo que
a primeira vez que pedi para conversar com o então diretor das emissoras,
jornalista Ademar Baldissera, foi sobre o assassinato. Ele ficou surpreso. Na
ocasião, conversamos brevemente, mas várias outras vezes dialogamos. Muitas
suposições, porém nenhuma conclusão.
Exímio advogado, Paul
Michel tinha inúmeras inimizades. É que ele ‘abraçava a causa de verdade’.
Comprava, de ‘unhas e dentes’, a briga do cliente - desde que convicto que ele era inocente ou prejudicado injustamente.
Dias antes de ser executado, recebeu
várias ameaças de morte. Mas não se intimidou. Sou graduado em Jornalismo e acadêmico
de Direito e, se um dia exercer a nobre profissão de advogado, é nele que vou
me inspirar.