1 de setembro de 2017

SANGUE – NEM SEMPRE – DOCE (da série vale a pena ler de novo)

Em uma das fazendas do Delégio, o Colono Forte de Ernestina, tem um cavalo, da raça Quarto de Milha (ótimos em corridas de pequena distância), chamado Sangue Doce. Em 2011 ficou gravemente doente. Os veterinários tentaram de tudo, mas não descobriram qual a doença. O animal sofria e a recomendação foi sacrificá-lo.

Sabendo da morte iminente do Sangue Doce, Delégio começou a fazer alguns ‘experimentos’. Até hoje mistura junto aos remédios, à água e à comida do cavalo algumas ‘substâncias’ (ninguém sabe quais).  O equídeo não morreu, porém não corre: apenas anda e parece ‘meio abobado’.

Na maioria das vezes é manso (daí o nome que, a princípio, era pra ser 'Cáustico Temerário'). Mas, não raras vezes, é xucro. O mais integrante são suas ‘inesperadas reações’. Certa vez quis subir em uma nogueira. Não faz tempo adentrou na casa da fazenda e, para espanto de todos, não tirava os olhos da televisão e balançava a cauda de um lado para outro.

Entre outras façanhas, uma que chamou a atenção foi quando Delégio levou uma de suas ‘ficantes’ para conhecê-lo. Ao vê-la, Sangue Doce começou a relinchar e não parou mais. E quanto mais ‘substância’, mais relincho. Quando o ‘casal de ficantes’ foi embora o cavalo silenciou.  Cabisbaixo, ficou paralisado. Parecia triste. Ao retornar, Delégio ofereceu mais 'substância'. O Sangue Doce farejou e rejeitou (numa espécie de repúdio ao seu dono). Teria ele se ‘apaixonado’ pela moça?

E assim segue o Sangue Doce com suas inesperadas reações. O incrível é que fica junto aos outros equídeos que o respeitam. Todos parecem temê-lo. Se a fazenda de cavalos fosse uma cidade, certamente ele seria um destes que ‘mandam naqueles que mandam’. O problema, porém, é que quando está manso é ‘mandado’.


Quando o Sangue Doce me vem à memória analiso suas atitudes e lembro que elas se assemelham as de alguém, de São Miguel, que, infelizmente, por mais que me esforce, não consigo lembrar.