Por outro lado, ao chegar em Carazinho,
como sempre acontece, tudo muda. A sensação agradável de parte da feliz infância
me invade. É como se fosse um benzodiazepínico natural. Ideias, pensamentos, perspectivas
e, sobretudo, humor se alteram para melhor. Indescritível. Inexplicável.
Até o trevo de acesso à cidade, o cara
que sempre afirma que jamais casará e nunca terá filhos, observa casais com crianças
e, repentinamente, começa a sonhar em subir ao altar e imaginar se será menino
ou menina o primeiro fruto da união do casal.
O sujeito que venera a solidão quer
ficar rodeado de pessoas. Deseja conversar com gente amiga e, também, com
desconhecidos. Andar a pé pelas ruas.
Mesmo sem dormir a quase 24 horas brinca
com a recepcionista do hotel. É simpático até com as pedras. Imagina como serão
as baladas e, principalmente, risadas.
Não se dá conta que, na verdade, quem
assumiu o ‘comando’ de sua vida depois do trevo foi a criança, assim como o
adulto voltará a conduzi-la no mesmo instante que iniciar a viagem de retorno.
Isso Freud explica. E é por isso que já
defini que Psicologia será a minha terceira graduação.