18 de dezembro de 2016

“ÁGUA NO CHOPP”

Parece que a prisão, na semana passada, em São Miguel, de quatro pessoas acusadas de tráfico de drogas - mais precisamente ecstasy e ‘doce’ - estragou a pretensão de muitos usuários que, nas festas de final de ano, planejavam usar e abusar dos entorpecentes. Os nomes dos supostos traficantes não foram revelados.

Lembro que no Carnaval deste ano, quando abordei a situação, por meio de um comentário postado no blog e compartilhado no Facebook, que gerou grande polêmica, fui mais do que apedrejado.  Recordo que, mesmo assim, encarei as duas noites restantes de Carnaval. Sozinho. Nada me aconteceu. Apenas muitos conhecidos e até ‘amigos’ e ‘amigas’ sequer me cumprimentaram. Mas foi até bom. É que me desvencilhei de amizades que em nada me acrescentavam. Além disso, ser amigo de gente dependente de drogas não é muito legal.

Saliento, no entanto, que a diretoria do bloco, que nada tinha a ver com o caso, teve uma postura digna de elogios. Todos sempre foram bacanas comigo. E isso se estende ao proprietário do local onde era o QG.

Fiquei chateado pelas pessoas que tinham obrigação de ficar ao meu lado, porém desaprovaram minha ação. Pelo menos que ficassem neutras.  Mas, analisando melhor, tais atitudes são compreensíveis. É que muita gente diz isso e aquilo e na hora H se acovarda. Só que alguns se superam.

A polêmica continuou nos dias posteriores. Igualmente abordei a questão na coluna que assino no Jornal Imagem. Tenho consciência que, além de inimizades, nada ganhei com minha conduta. Mesmo assim não me arrependo. Jamais.  Meu arrependimento foi não ter polemizado ainda mais uma situação escancarada e que já vitimou muitos jovens. Vários se internaram em clínicas de reabilitação mais de uma vez.  E se minha ação livrou apenas um jovem de experimentar a droga dou-me por satisfeito. A dependência começa com um (a) amigo (a) oferecendo esta porcaria para outro (a) que, na onda de 'só experimentar' torna-se usuário (a). Principalmente jovens - eles e elas - tímidos e inseguros. 

Também ninguém me elogiou ou agradeceu. Tranquilo. Minha atitude jamais teve esse objetivo. Não é minha profissão principal, mas em mais de 16 anos exercendo a função de colunista sempre fugi da veneração. Apenas cumpri com o dever social do jornalista. Ainda mais na condição de opinativo. Ou seja: nada fiz além da obrigação. Poderia, é claro, ‘fechar os olhos’, mas aí a consciência entraria em cena. E a minha é extramente rigorosa. 

E não foi apenas neste caso. Ao longo do ano teve outros como, por exemplo, quando divulguei o nome de conhecido médico que foi condenado, em primeira instância, por suposta cobrança irregular de uma consulta. Outro episódio foi ter publicado o, até então, ‘caso abafado’ do também bem conhecido professor de Educação Física que foi exonerado do cargo pela Secretaria Estadual de Educação por, supostamente, aliciar alunas menores de idade.

Quanto as minhas opiniões – sobretudo as contundentes – sempre as fundamentei. Nunca teve nada de ‘achismos’. Mesmo assim a ‘bateção de lata’ foi grande. De minha parte, nada a reclamar. Todas as profissões têm seus bônus e ônus. Umas mais, outras menos – e em situações diferentes. Deixo claro que, quando se trata de pontos de vista, cada um tem o seu. Portanto, a discordância é normal. Ainda bem. Já imaginou como seria monótono se todos pensassem da mesma maneira?

Quem sabe, para não escrever com certeza, estaria melhor financeiramente e teria uma vida bem mais sociável se minha postura fosse contrária aos meus princípios. Mas não é. Nunca foi. Jamais será. 

Se depois de me formar na minha segunda graduação (Direito) – e não falta muito para isso acontecer – e, posteriormente, conseguir ser aprovado nos dificílimos exames da OAB, talvez abandone o Jornalismo. Enquanto isso, entretanto, minha conduta seguirá a mesma. E ponto final.