Segunda-feira, por volta das 16h, visualizo
no celular uma mensagem do Dutra: “amanhã farei uma festa para os integrantes
da turma e outras pessoas”. Vindo dele não estranhei, pois suas decisões são
tão repentinas quanto suas alterações de ideias.
Pensei: vale a pena viajar quase quatro
horas, à noite, e retornar no dia seguinte? Lembrei o ano passado quando passei
o feriado de 7 de Setembro em Pato Branco, na Aria, no show do ‘Pins e Diamonds’
– considerada a melhor banda cover do Pink Floyd, no Brasil. Valeu a pena. A
festa foi das boas.
Então, depois da primeira avaliação de Direito
Processual do Trabalho, que terminei às 20h, entro no carro, obviamente com tudo pronto, e encaro a estrada.
Chego no horário previsto. O festerê tinha começado duas horas antes, mas não
fui o último a chegar.
Como de costume, uma banda tocando só
sons internacionais – atuais e do passado. Volume adequado. A turma estava lá.
E o frio também. Cada um se esquentou à sua maneira. Meu cansaço exigia um
energético. E depois outro. Ao longo da noitada fui alternando a bebida
estimulante com Brahmas 0,0% de álcool. Bem diferente da maioria. Mas, afinal,
cada um cada um. Não bebo nem fumo, porém não condeno quem gosta de uns goles e
aprecia encher os pulmões com fumaça de tabaco. Se ‘rolaram’ outras coisas não enxerguei
e, ademais, não era de meu interesse. Meu foco eram as
convidadas. Algumas amigas. Outras desconhecidas. Cumprimentos. Apresentações.
Beijinhos no rosto. Flertes.
O bom nesse tipo de acontecimento, além
do fator surpresa, é a aventura desacompanhada de preocupações e compromissos. Pessoas
ricas. Outras nem tanto. Algumas tinham um pouco além do básico. Mas todas de
conversa agradável e inteligente.
Não perguntei ao anfitrião, mas era perceptível
que o nível de ensino dos que lá estavam não se limitava a apenas uma graduação.
Acho, inclusive, que eu, formado em Jornalismo e, atualmente, cursando Direito figurava entre os minúsculos em se tratando de estudo. Tenho certeza que estava
por lá gente pós-graduada - em uma ou mais especialização -, mestres e
doutores. Não duvido que, talvez, até pós-doutorados por lá circulavam.
E festa onde todos têm curso superior é
outra coisa. Todos se divertem, mas com moderação. Não há discussões. A elegância
prevalece. E a discrição também. Mesmo quem se excede na bebida se porta
adequadamente. Ninguém ocupa o banheiro para vomitar ou vai a outro lugar para esvaziar
a bexiga. As convidadas – casadas e
solteiras – utilizam o toalete para sua devida finalidade. As risadas não são
extravagantes. Pessoas comprometidas não se insinuam para outras.
Não há seguranças. Nem se cogita a
possibilidade de, durante a confraternização, a Polícia ser acionada por causa
de um eventual contratempo. O respeito, a educação e a disciplina são soberanos.
Mulheres bem vestidas, porém com
discrição – o mesmo vale para a maquiagem. Sem ‘registros’ para postar em redes
sociais e, muito menos, ostentar. Elas bebem infinitamente menos que eles. Várias,
inclusive, só tomam água. As solteiras se valorizam e dificilmente “ficam” no
primeiro encontro.
Nada de comentários desabonadores sobre
vidas alheias, pois, além de ser inelegante, os ofendidos não estavam presentes
para apresentarem suas versões.
Depois da banda um Dj entra em cena. A
balada segue normal. Os componentes do grupo são cumprimentados. Ficam entre os
convidados. Em seguida tocam mais um pouco e, ao encerrar a apresentação, o Dj
retorna e é aplaudido.
O frio é intenso. Já são 06h30. Nenhum
transtorno. Uns já foram embora. Outros estão indo. Alguns ficarão, pois as
festas do Dutra jamais têm hora para acabar e confusão nunca há.
E, mais uma vez, concluo de que não é por
acaso que os cultos afirmam que o melhor investimento é na educação.
A propósito: “é óbvio que em
São Miguel festas desse tipo são bem mais polidas”.