O
ano: 1995. O dia: quarta-feira de cinzas. Estava de férias até a
segunda-feira seguinte. Acordei às 17h. A ressaca lembrava que a última noite
de Carnaval foi animada. Um demorado banho melhorou meu ânimo e disposição. Comi
o almoço preparando cinco horas antes. Vesti-me e, sob o olhar desaprovador de
minha mãe, sai. Afinal, estava de férias – na época era locutor da Top 104 FM. Não
viajei e queria curtir o máximo possível os meus 15 dias de folga.
Fui
direto ao Labirintu´s – mais conhecido como o bar do Banha onde, à época, a
moçada de São Miguel se encontrava. Fiquei por lá até às 23h - quando fechou.
De
lá me desloquei para a não menos badalada Choperia Berlin. O movimento, como
era de se esperar, se limitava a algumas pessoas. Fiquei bebendo sozinho.
Passada, aproximadamente, uma hora as mesas começaram a ser recolhidas. Fiz que
não percebi e pedi mais uma cerveja. E assim se seguiu. Quando notei, estava eu
e um dos sócios-proprietários que o conhecia só de vista, mas já tinha ouvido
falar dele. E muito, pois foi o idealizador dos melhores bares de São Miguel nas
décadas de 80 e 90 - incluindo o Bebi Beer, que surgiu em 1997.
De
repente, do nada, notei que ele vinha ao meu encontro. Pensei: “solicitará para
eu ir embora, porque quer fechar”. Ele, então, para minha surpresa, perguntou
se podia sentar. Respondi que sim. Iniciamos uma conversa banal. Dez minutos
depois, pediu licença. Disse que iria buscar uma cerveja. Aproveitei e gritei: “traz
duas”. Fui prontamente atendido. E o diálogo, regado a gulosos goles, seguiu
até às 4h30. Depois fomos comer algo no ’24 horas’ – restaurante que ainda
existe em São Miguel. Despedimos-nos ao
nascer do sol.
Admirei-me
com sua postura e, principalmente, tranquilidade. Da conversa agradável e
inteligente. Também fiquei surpreso com sua sabedoria, visão do mundo e
camaradagem. Nascia aí minha amizade com o irmão que não tive.
Após
aquela madrugada, enquanto residiu em São Miguel, ocorreram muitas outras
conversas, encontros, almoços, jantares e, claro, incontáveis festas com outras
pessoas igualmente bacanas.
Além
disso, com o convívio dos anos, descobri que portava inúmeros outros atributos que
até hoje os detêm. Admirava seus curtos, porém sábios conselhos - frutos da
sabedoria que herdou dos pais.
Jamais
alterou seu comportamento. Não se deixou contaminar pela esnobação, devido a
confortável condição financeira que hoje desfruta. Continua o mesmo cara boa
gente que conheci há 21 anos, no começo de uma madrugada – pós-carnaval.
Seu
nome? Solon Taparello - que nesta sexta-feira comemora aniversário. Tudo de
bom, meu velho! O mundo seria um lugar extremamente melhor de se viver se todos
tivessem, ao menos, metade do seu caráter.