19 de agosto de 2016

MUITOS ANOS DE VIDA

O ano: 1995. O dia: quarta-feira de cinzas. Estava de férias até a segunda-feira seguinte. Acordei às 17h. A ressaca lembrava que a última noite de Carnaval foi animada. Um demorado banho melhorou meu ânimo e disposição. Comi o almoço preparando cinco horas antes. Vesti-me e, sob o olhar desaprovador de minha mãe, sai. Afinal, estava de férias – na época era locutor da Top 104 FM. Não viajei e queria curtir o máximo possível os meus 15 dias de folga.

Fui direto ao Labirintu´s – mais conhecido como o bar do Banha onde, à época, a moçada de São Miguel se encontrava. Fiquei por lá até às 23h - quando fechou.

De lá me desloquei para a não menos badalada Choperia Berlin. O movimento, como era de se esperar, se limitava a algumas pessoas. Fiquei bebendo sozinho. Passada, aproximadamente, uma hora as mesas começaram a ser recolhidas. Fiz que não percebi e pedi mais uma cerveja. E assim se seguiu. Quando notei, estava eu e um dos sócios-proprietários que o conhecia só de vista, mas já tinha ouvido falar dele. E muito, pois foi o idealizador dos melhores bares de São Miguel nas décadas de 80 e 90 - incluindo o Bebi Beer, que surgiu em 1997.

De repente, do nada, notei que ele vinha ao meu encontro. Pensei: “solicitará para eu ir embora, porque quer fechar”. Ele, então, para minha surpresa, perguntou se podia sentar. Respondi que sim. Iniciamos uma conversa banal. Dez minutos depois, pediu licença. Disse que iria buscar uma cerveja. Aproveitei e gritei: “traz duas”. Fui prontamente atendido. E o diálogo, regado a gulosos goles, seguiu até às 4h30. Depois fomos comer algo no ’24 horas’ – restaurante que ainda existe em São Miguel.  Despedimos-nos ao nascer do sol.

Admirei-me com sua postura e, principalmente, tranquilidade. Da conversa agradável e inteligente. Também fiquei surpreso com sua sabedoria, visão do mundo e camaradagem. Nascia aí minha amizade com o irmão que não tive.

Após aquela madrugada, enquanto residiu em São Miguel, ocorreram muitas outras conversas, encontros, almoços, jantares e, claro, incontáveis festas com outras pessoas igualmente bacanas.

Além disso, com o convívio dos anos, descobri que portava inúmeros outros atributos que até hoje os detêm. Admirava seus curtos, porém sábios conselhos - frutos da sabedoria que herdou dos pais.

Jamais alterou seu comportamento. Não se deixou contaminar pela esnobação, devido a confortável condição financeira que hoje desfruta. Continua o mesmo cara boa gente que conheci há 21 anos, no começo de uma madrugada – pós-carnaval.


Seu nome? Solon Taparello - que nesta sexta-feira comemora aniversário. Tudo de bom, meu velho! O mundo seria um lugar extremamente melhor de se viver se todos tivessem, ao menos, metade do seu caráter.