21 de agosto de 2016

DUTRA (a felicidade e o gari)

Ele, com sua ansiedade crônica, não sabia nem onde estava. A angústia aumentava por estar parado. Aguardava a companheira que julga que compras preenchem o vazio existencial.

Perto dele, uma escultural jovem, abraçada na amiga, chorava. Impossível não ouvir que lamentava o fim do namoro.

Para disfarçar, olhou ao lado e observou um homem e sua saliente barriga. Com um extrato bancário em uma das mãos, esbravejava ao celular. 

No trânsito, o motorista irritado xingou  outro que retrucou no mesmo tom.

Perto dali, um gari, cantarolando, limpava a rua. Estava alegre. De todos ao redor, era o único a sorrir.