29 de abril de 2015

BAZAR BARATO

Comprou uma camisa falsificada de uma grife famosa. Não reparou tratar-se de réplica. Nem que o pequeno jacaré é sinônimo de status. Adquiriu pela cor: vermelho. Leu, numa revista velha, que as mulheres “gostam do rubro”. 

Aproveitou para adquirir um lenço. Não para usar em dias que o resfriado o visitar. Seu uso é para secar o suor. Principalmente do cansaço quando sobe o morro para “aliviar a tensão” e “rir sem motivo”.

Saiu do nada. Não tem nada. Seguidamente,  num rio sujo, nada. E morre. Lentamente. Sem querer. Sem perceber. Sem saber.

Oscila no apreço à menina aflita pelo seu amor que ele não conhece. Não sente. Desconhece o que é amar. Nunca viu de perto mar.

O dinheiro é escasso. Prefere andar descalço. Já se habituou. Algumas vezes a cela, escura e úmida, habitou . Até gostou. Lá se alimentou. 

Acredita que do pó viemos. E que voltaremos ao pó. Por isso gosta do "pó". Quando consegue quer ficar só. Para aproveitar tudo sem dó. Sente-se magistral. Esquece-se do marginal. 

A decepção é a depressão. Nada entende ou leu sofre "efeitos colaterais". Prefere admirar pardais. 

Também bebe cachaça. Rechaça o gole de graça. Furta pra pagar. Imposto? Exportação? Importação? Economia? Nada tem a declarar. Nem quer estudar.


Não anda ligeiro. Vasculha o lixeiro. Chama o bicheiro. O banheiro coletivo. Sem dignidade. Sem vontade. Sem hombridade.