13 de fevereiro de 2015

O CARNAVAL QUE GEROU UM GAY

Naquela segunda-feira de Carnaval, Alex Alexandro chegou ao QG de camiseta, bermuda e tênis. Os integrantes do bloco protestaram. É que era a “noite gay”. Ficou combinado que os rapazes se vestiriam de mulheres e as moças de homens. Ale, como era conhecido, não cumpriu a determinação. Não cogitava a hipótese de se vestir com roupas femininas nem de brincadeira. Era do tipo machão. Sua postura fez com que o bloco perdesse pontos e, consequentemente, o tão cobiçado primeiro lugar.

No ano seguinte, só foi aceito depois de se comprometer em cumprir todas as regras. Na noite gay, estava ‘deslumbrante’ num vestido azul. Usava salto e farta maquiagem. Não poupou nem as “roupas de baixo”. Resultado: ficou em primeiro lugar. Sua ‘brilhante performance’ rendeu uma excelente pontuação ao bloco que garantiu o título de campeão.

Naquela noite viveu momentos de glória. Foi abraçado por amigos e amigas. Todos enalteceram seu desempenho. Deixou-se dominar pela alegria e foi contaminado pela embriaguez. Antes de chegar em casa, com os primeiros raios de Sol apagando a escura madrugada, tentou beijar o guarda do quarteirão.

Ao deitar tirou o vestido, menos as roupas íntimas. Quando acordou, no meio da tarde, não se impressionou ao ver-se com sutiã e calcinha. Muito menos se importou. Contemplou-se no espelho. Elogiou seus quadris e, pela primeira vez, se sentiu desconfortável com os pelos do corpo.

À noite, de volta ao QG, passou a maior parte do tempo com as meninas. No clube permitiu-se percorrer o salão abraçado com um rapaz de apelido ‘Bamby’.

Na quarta-feira de cinzas, a ressaca não impediu de recordar os acontecimentos das últimas 48 horas e de chegar à conclusão que queria ser um gay. Um ‘gaysão’, para ser mais preciso - devido a seu corpo avantajado e acentuados músculos -.


Alex Alexandro, que hoje mora em Pelotas, RS, se formou em Psicologia. É feliz ao lado de Bamby que faz os deveres de casa enquanto ele atende, no divã do consultório, os “indecisos sexualmente”.