Naquela
segunda-feira de Carnaval, Alex Alexandro chegou ao QG de camiseta, bermuda e
tênis. Os integrantes do bloco protestaram. É que era a “noite gay”. Ficou
combinado que os rapazes se vestiriam de mulheres e as moças de homens. Ale,
como era conhecido, não cumpriu a determinação. Não cogitava a hipótese de se
vestir com roupas femininas nem de brincadeira. Era do tipo machão. Sua postura
fez com que o bloco perdesse pontos e, consequentemente, o tão cobiçado
primeiro lugar.
No ano
seguinte, só foi aceito depois de se comprometer em cumprir todas as regras. Na
noite gay, estava ‘deslumbrante’ num vestido azul. Usava salto e farta
maquiagem. Não poupou nem as “roupas de baixo”. Resultado: ficou em primeiro
lugar. Sua ‘brilhante performance’ rendeu uma excelente pontuação ao bloco que
garantiu o título de campeão.
Naquela noite
viveu momentos de glória. Foi abraçado por amigos e amigas. Todos enalteceram
seu desempenho. Deixou-se dominar pela alegria e foi contaminado pela
embriaguez. Antes de chegar em casa, com os primeiros raios de Sol apagando a
escura madrugada, tentou beijar o guarda do quarteirão.
Ao deitar
tirou o vestido, menos as roupas íntimas. Quando acordou, no meio da tarde, não
se impressionou ao ver-se com sutiã e calcinha. Muito menos se importou.
Contemplou-se no espelho. Elogiou seus quadris e, pela primeira vez, se sentiu
desconfortável com os pelos do corpo.
À noite, de
volta ao QG, passou a maior parte do tempo com as meninas. No clube permitiu-se
percorrer o salão abraçado com um rapaz de apelido ‘Bamby’.
Na
quarta-feira de cinzas, a ressaca não impediu de recordar os acontecimentos das
últimas 48 horas e de chegar à conclusão que queria ser um gay. Um ‘gaysão’, para
ser mais preciso - devido a seu corpo avantajado e acentuados músculos -.
Alex
Alexandro, que hoje mora em Pelotas, RS, se formou em Psicologia. É feliz ao
lado de Bamby que faz os deveres de casa enquanto ele atende, no divã do
consultório, os “indecisos sexualmente”.