Tem um som dos Engenheiros do Hawaii
que, pelo menos por aqui, tocou muito em 1989. É do terceiro disco da banda.
Chama-se ‘Tribos e Tribunais’. A letra, logo no início, diz: “todo dia a gente inventa uma alegria, a
gente esquenta a água fria e ‘ignora’ a bola fora”. Tantos anos se passaram
e a realidade é a mesma. E continuará sendo assim. Sempre.
É que - na verdade - as pessoas gostam
de ser iludidas. Muitas delas até percebem. Prometem reagir e até estabelecem metas, mas permanecem presas à zona de conforto. E tentam novamente. E nada muda. E o resultado é a rotina. ‘É que o sorriso fácil não exige
esforço’.
Acomodados. Medrosos. São os que, na
vida, apenas ‘cumprem tabela’. E a incompreensão invade o pensamento quando lembramos
os estorvos que, dominados pelo medo, apenas ‘ocupam espaço’, mas vivos estão (à
base de doses homeopáticas de ilusão) enquanto outros, corajosos, que sem
temores encararam o medo (e por isso venceram) tiveram a vida abreviada.
E sempre tem o ingênuo - para não escrever
boca aberta - que, completamente dominado pela ilusão, diz que “o destino quis assim”.
E, no mais, ‘esquenta’ a ‘água fria’ para tomar chimarrão com o vizinho e falar
da vida alheia. Lembra-se de tudo (dos outros). Só esquece as ‘bolas foras’ que
cometeu e, ainda, ‘inventa uma alegria’ para contar na prosa e, consequentemente,
alimentar ainda mais a ilusão.