“Nas noites de domingo a minha companheira
insônia parece que chega mais sedenta. Percebe-se que está violenta. Às vezes
tenho impressão de enxergá-la me observando (ordenando): “Vamos, tome logo os
tranquilizantes”. Irônica, parece saber que não vejo a hora de devorá-los. Às
vezes tento enfrentá-la - mesmo ciente que perderei a batalha - e demoro alguns
minutos para ingeri-los. Faço isso para irritá-la, pois precinto sua pressa em
sair do meu quarto para importunar outras pessoas. Mas ela, a insônia, é ótima
dissimuladora. Simplesmente ignora minha ação e incorpora a paciência, porém
não por muito tempo. É quando ela chama a dependência que adentra em meu corpo
e assume o controle. O primeiro e único ‘trabalho’? Ingerir os sedativos (nada
recomendáveis)”.
*Dutra, Carazinho, via e-mail.