Eu sou um individualista. Se não
houvesse texto, só essa afirmação, o que você pensaria? Costumamos considerar “individualismo”
e seus derivados termos pejorativos. Confundidos muitas vezes com egoísmo. Utilizado
também para se referir a alguém que não consegue se relacionar com as pessoas.
Ou, talvez, a maior simplificação que conheço: “Eis um narcisista!”. O
conhecimento é limitado, o vocabulário nem sempre.
O egoísta, de
tão imaturo emocionalmente, nem consegue ser um individualista. Vive em bandos,
apoiando a maioria ou o que for conveniente, aproveitando a situação para se
promover (ou: o que move cada manifestante?). Digamos que eu seja, ou melhor,
que eu tente ser, um individualista no bom sentido.
Um
individualista, no bom sentido, é alguém que busca a independência, a
autonomia. Acredita no que faz, e tenta ser senhor do próprio destino. Evita
encontrar culpados para suas angústias, mesmo sabendo que certos eventos são
imprevisíveis e incontornáveis. É um otimista: ele trabalha acreditando que os
fatores que ele não controla irão se encaixar. Pura sorte.
Falei em
trabalho, e encontro por acaso o mote deste texto: desconfio do termo “vestir a
camisa”, que as empresas utilizam para se referir a um funcionário comprometido.
Ele precisa de
um motivo para vesti-la. E esse motivo vem da individualidade: perceber que o
ambiente de trabalho lhe favorece, estimula seu crescimento, entende suas
necessidades. Só assim ele irá retribuir com bom trabalho, bons resultados e
bom relacionamento com as pessoas envolvidas.
Temo as
pedradas, mas uso meu exemplo: sou um professor individualista. Minha alegria é
apoiar um aluno, vê-lo evoluir, mas não é só essa satisfação que me move. Quero
crescer junto, aprender também. Uma noite inteira de aula precisa me beneficiar
de algum modo: e aqui, percebemos que o indivíduo precisa encontrar propósitos
naquilo que faz.
É preciso
esquecer a ideia do sacrifício, da pessoa se doar sem nada em troca.
A filosofia de
recompensas para os dois lados funciona no trabalho e na vida pessoal. Individualista
que sou, quero montar a melhor aula, quero dominar a arte da didática e,
consequentemente, ser valorizado e reconhecido. Será que estou pensando só em
mim?
*Lucas Miguel
Gnigler é professor e jornalista. O filho do promotor de Justiça, Miguel
Gnigler, é especializado em Marketing e Gestão Estratégica. Outros textos e
informações em www.lucasmiguel.com
(inclusive recomendo visualizá-lo).
Agora, nas férias de julho, Lucas e a
irmã, Luíza, aproveitaram para fazer um tour pela Europa. Na foto, os dois no Palácio de Versalhes