Ilustre,
o Cafajeste, afirma que a indiferença total está mais para qualidade do que
defeito. Reflito e concluo que há fundamento na observação do meu amigo de
Carazinho.
É que todos os
centenários que conheci e entrevistei até hoje eram - ou são - pobres. E
percebi em todos que o famoso ‘tanto faz’ estava presente em seus semblantes
que desconhecem cremes faciais.
Um deles, aos
120 anos de idade, morava sozinho, num barraco, em uma favela, desprovida de
água e luz, em Dionísio Cerqueira.
Analfabeto, quando cheguei para entrevistá-lo alimentava-se com pão branco e salame. Tinha alguma dificuldade em ouvir. Do resto, apenas alguns poucos problemas inerentes à idade.
Analfabeto, quando cheguei para entrevistá-lo alimentava-se com pão branco e salame. Tinha alguma dificuldade em ouvir. Do resto, apenas alguns poucos problemas inerentes à idade.
Questionado
sobre o stress, respondeu que não sabia o que era. Então o indaguei de outra
forma, mencionando sentimentos como preocupação excessiva, medo, tristeza,
alegria, raiva, dinheiro, inveja, poder e outras perguntas do gênero. Em resumo
disse-me: “Olha moço, nem sei o que dizer sobre essas coisas”, indiferente
comigo - e meu nervosismo - que tentava, sem sucesso, explorar todos os
detalhes possíveis da vida do ancião para elaborar a reportagem.