Nós, os antissociais, apreciamos a solidão. Parece insano, mas para nós isso sim que é um ‘vidão’. Gostamos, também, de animais de estimação. No entanto, um no máximo. Nossas regras invisíveis têm limitações.
Preferíamos que não falássemos de nós. Nem de bem nem de mal. Mas, se comentarem tudo bem. Nada podemos fazer. Digam o que querem, mas de nada podem nos acusar. Não roubamos. Não ludibriamos. Respeitamos todas as leis. Apenas não gostamos de quase nada. Nossa lida é apenas para a comida.
Contemplamos quem, de fato, fez e faz algum bem à humanidade. Nós não fizemos mal. Nem bem. Somos inertes. Gostamos de dialogar com quem nutrimos admiração. Detestamos conversar com ruminantes, em forma de humanos.
Ouvimos músicas de verdade, que quase ninguém curte. E ficamos contentes pela indústria cultural, que de cultura nada tem, não ter nos alcançado. Somos esquisitos. Admitimos. Pior são os esdrúxulos não assumidos dominados pela ambição, palavra, esta, que rima com ladrão e exploração.
Divertimo-nos com o passado, presente e futuro. Cumprimos, mas detestamos compromissos. Principalmente os sérios e que possam nos levar ao altar. Vivemos longe dos holofotes e perto do distante. É inexplicável, mas no nosso mundo isso é possível. Jamais almejamos sermos os melhores ou piores. Dispensamos a competição e a comparação. Podemos, até, ser bons, porém preferimos que outros fiquem com os brios. Nós, os antissociais, somos sombrios.