O ano: 1998. A música: Viva Forever com Spice Girls. “Lembre-se de mim sempre que ouvi-la”, disse, quase que sussurrando, e, ao mesmo tempo, acariciando-me, talvez, até, imaginando, ser eterna a paixão adolescente por um adulto inconseqüente.
Sua sensualidade fazia-me esquecer, temporariamente, da angústia que começava a se aguçar em forma de pensamentos obsessivos. Obscenos, quando a beijava. Não ouvia a ilusão, pois estar com ela tranqüilizava-me. A quimera também não a afetava, pois em sua ingenuidade pós-infância pensava na eternidade do momento. Ela vivia. Eu fingia não pressentir.
O mês: outubro. O dia: sábado. A música: a embriaguês não permitiu lembrar. A estupidez de minha parte. Desta não esqueço. Minha culpa. Assumo. O fim pré-maturo. Verdade. Mas ele viria. Apenas o antecipei. Arrependimento? Não sei. Mágoa? Apagou-se com o tempo. Reatar? Não. Lição? O não de uma frágil adolescente pode, sim, espedaçar o coração de um forte homem. O rumo? Solidão.
*Dutra, em mais um de seus e-mails depressivos e aproveitando para cobrar minha ausência em sua última festa, na sua bela fazenda, no Rio Grande do Sul.