15 de agosto de 2011

GENTE ABENÇOADA

Sempre tive desconfianças desse papo de que os idosos não pertencem à terceira, mas, sim, à melhor idade. Sábado conferi um ‘encontrão’ dessas pessoas de cabelos brancos, gestos simples e com muitas histórias para contar. Foi em São José do Cedro. Confesso que, depois do que vi, estou mudando de opinião.



Andei pelo salão. A coordenadora municipal dos grupos, Ester Wendpap, me auxiliou. Não demorou e encontrarmos um dos casais mais idosos: Frederico, 86 anos, e Hermínia, 80. Ambos estão juntos há mais de seis décadas. “Isso é uma terapia. Freqüentamos toda a semana”, diz Frederico. “Hoje é especial já que envolve todos os grupos do município e até de cidades vizinhas”, acrescenta Hermínia, rapidamente, para seguir com os abraços às companheiras de outras comunidades.

Mais alguns passos e nos deparamos com Mafalda Dorigoni Fumagali. Com alegria no rosto, ela conta que mora na cidade e toda quinta-feira à tarde seu compromisso é encontrar amigos e amigas de sua faixa etária. “Aqui, além de conversarmos, jogamos baralho, bocha, bingo, além de dançarmos”, salienta. Aliás, quando o matinê iniciou o ambiente ficou ainda mais alegre. E praticamente todos saíram das mesas para a ‘pista de dança’.


Aproveito, então, para conversar com Natalina Trevisol. Ela conta que tem 77 anos e é viúva há 20. “Foi nos encontros que encontrei forças para superar a perda”, revela. Ao lado de Natalina está Maria Maldaner que também perdeu o marido. “Foi há 15 anos. Sempre participávamos juntos. Ele, infelizmente, se foi. Mas eu continuei freqüentando. Essas reuniões nos deixam renovadas”, comenta. “Já está comprovado que isso faz muito bem, principalmente para a alma”, complementa, com um sorriso que não deixa dúvidas que para ela, apesar dos percalços, a vida é magnífica.



No outro lado observo uma cena que me chama a atenção. A cadeira de rodas não é empecilho para Etelvina Bossa, de 69 anos, participar, junto com o marido, Bruno, 73, dos encontros. No começo do ano passado, a querida vovó sofreu um derrame. Com a fala vagarosa, ela dá um exemplo de vida: “Sofri, mas não desanimei. Gostava de dançar, mas hoje não posso. Mesmo assim, é ótimo freqüentar os encontros. Os efeitos que proporcionam são melhores do que muitos remédios, independente da doença”, garante. O marido sempre está ao seu lado num exemplo do que é o verdadeiro amor.